quarta-feira, 1 de setembro de 2010

21 Paudocinematográfico

Um dos sonhos de todo paudocense, nato ou nonato, (aqui há um número enorme de nonatos. E alguns, de tão longevos, parecem renatos), é o de Pau Doce conseguir realizar o seu festival de cinema. Internacional, é claro. Este ano, por fim, o festival saiu do papel. Saiu do papel de promessa e assumiu o higiênico papel, (higieníssimo, diga-se), de projeto. Acredita-se que, em breve, (como todo bom cartaz de filme a estrear), chegue ao papel de proposta. Quem sabe quando, assumirá o de programa (será um verdadeiro papelão). Por conta do nosso espírito prevenido – prevenido não – precavido, resolvemos não esperar as delongas e démarches e, devagar, colocamos a mão na massa (mão, evidentemente em sentido figurado, já que Pau não tem mão. No máximo, tem cabeça. Pensante.) A primeira providência foi tentar sediar um fórum, (já que estes estão tão na moda), ligado ao tema. Depois de incontáveis reuniões preparatórias destinadas a marcar uma reunião definitiva para deliberar sobre o assunto (todas bem iniciadas, mas nenhuma terminada – nem bem, nem mal – devido à nossa característica social mais forte, à nossa vocação primeira, impressa a fogo no DNA de Pau Doce: a etilidade endêmica), resolvemos lançar o “Fórum INternacional dos Críticos de Cinema e AUdivisuais de PAU Doce” – o (já famoso) FINCCAUPAU - Por total falta de recursos, de datas e, principalmente, de vontade, decidiu-se que não seria um fórum físico, mas virtual. Como o único computador do pedaço é o do nosso nobre edil Jacinto Pinto Aquino Rego, o evento teria que ser realizado em sua casa (na verdade, seu quarto na “Lacinhos Cor-de –Rosa). O bom do negócio era que seu PC, movido a lenha, (e a álcool), obrigava a CUPULATIVA – “CÚPULA ExecuTIVA” – do FINCCAUPAU (nóis), a passar as madrugadas reunida, fazendo uns parangolés bicos-de-pato que só aqui em Pau Doce sabemos fazer (até Jacinto saudades!). Depois de seis meses de intenso trabalho, chegamos a um primeiro esboço preliminar de como deverá ser possivelmente o Festival, (quem sabe?). Aquilo que os metidinhos a besta chamam de desenho do festival, (mais exato seria “rascunho”). Em primeiro lugar a coisa seria de tal magnitude, que reduziríamos a pó todos esses festivaiszinhos que andam por aí de salto alto e rebolando: Gramado, Cannes, Veneza, Brasília, Sundance e a puta que los parió. Teríamos uma infinidade. Teríamos não, teremos. Teremos uma infinidade de categorias de filmes. Na verdade, categorias inenarráveis, como: filminho normal (bem pouco inenarrável), filmes futuros (ainda não feitos e, talvez, nem pensados), filmes ao vivo, (não confundir com teatro, o que seria grosseiro e idiota), filmes catástrofes, (que depois de projetados, não sobra um só espectador pra contar a história – o que é muito bom, pois nunca ninguém vai saber o final dela), filmes naturais, (sem atores atrozes e atrizes de enormes atrases, tudo muito natural), filmes épicos, (de fato, filmes e picos, e picas também: sexo, drogas e rock’n’roll), filmes do tipo ‘americano’ (aqueles em que a América do Norte entra pelo cano) e do tipo ‘resmundaço’ (nos quais o Resto do Mundo perde o Ca-bresto). Enfim, todo tipo de filme, com exceção dos filmes de todo tipo. Tudo ia muito bem, quer dizer, tudo ia tranqüilo, fluindo, devagar, maneiro, paradinho, paradinho, na velocidade quase zero graus centígrados que nos caracteriza, quando senão eis que, eleição pra presidente, Lula lá na frente e, pra nossa total despirocação mental, um dos nossos assume, não o poder, mas a refazenda, transformando tudo num tempo rei, como se tudo não passasse de um domingo no parque. A partir daí, mudamos de novo o FINCCAUPAU. Cheios de moral, decidimos realizar não mais o fórum virtual, nem mesmo o físico, mas, meter as caras no festival propriamente dito. Fim do FINCCAUPAU! No seu lugar entrou o “ESFINTER (ESpetacular Festival INTERnacional Cinematográfico)”. Saímos do FINCCAUPAU e entramos no ESFINTER. Foi um rito de passagem: FINCCAUPAU no ESFINTER. Coisas de Pau Doce! Sinal verde do Gilberto, saímos da inércia contemplativa e partimos para a inércia ativa. Contratamos as duas principais estrelas ascendentes do MINC no âmbito de tudo que se trate de cinema, vídeos, dvds e sacanagens conexas, os imbatíveis Mortimer da Costa e Hugo Boss Tavares, conhecidos no mundo da sétima arte como dois pesos pesados que não afundam nunca e bóiam sempre. Nunca entendi porque, com prenomes tão lindos e expressivos – Mortimer, nome inglês sonoríssimo e Hugo Boss, nome nobre da alta costura – só atendem pelos sobrenomes rampeiríssimos, Costa e Tavares. Coisas do cinema...

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