segunda-feira, 29 de novembro de 2010

39 O paudocímbolo

Plebiscito. Essa palavra mágica, tão atual, tão reverberada ao redor do mundo, brilhou para nós. A SOCIABAIXOPAUSOciedade dos CIdadãos ABAIXO de Qualquer Suspeita de PAU Doce – que corresponde à nossa Câmara Municipal, à nossa Assembléia Legislativa, à nossa Câmara Federal, ao nosso Senado e à nossa Turma do Deixa Disso, propôs a realização de um Plebiscito. Aplaudido delirantemente, foi aprovado por unanimidade, tanto na Sociedade como por toda comunidade paudocense. Ficou, porém, faltando, na brilhante proposta, para que ela pudesse se efetivar, já que nesta vida nada é perfeito, a decisão do assunto sobre o qual incidiria. Ninguém tinha a mínima idéia. Na medida em que os dias foram passando, a inquietação, a angustia, a aflição e, por fim, o desespero foi tomando conta de todos. A consulta já estava, legalmente, aprovada, a motivação e o entusiasmo eram enormes, não se falava em outra coisa, e nada de se achar um tema para ela. A maior dificuldade consistia na característica polêmica de um tema plebiscitário. Se não polêmico, ao menos, que permitisse alguma dissensão, ou mera discordância adjetiva, ou, ainda, se não houvesse alternativa, uma concordância desunânime. Mas, não. Em Pau Doce, não discordamos de nada, nem de ninguém. Dá muito trabalho discordar. Tudo pode, tudo é possível, tudo é permitido, desde que não canse. A nossa unanimidade unânime unanimíssima nos deixava de mãos atadas. Pensamos, em primeiro lugar, em nossa própria dificuldade como tema: “Seria bom, para Pau Doce, a total unanimidade? Sim ou não?” Porém, desistimos por temor a desmoralizar nosso Plebiscito, já que seria muito provável que o resultado fosse unânime em favor da unanimidade. Zero voto para o “não” e a totalidade para o “sim”. Desistimos da unanimidade. Outro tema que, num determinado momento, ganhou força sendo, depois, descartado, foi a proibição total e absoluta do trabalho em Pau Doce. Como tínhamos certeza de que a totalidade dos habitantes votaria a favor dessa proibição (já que não passaria de mera formalidade, pois, na prática, o trabalho aqui inexiste), desistimos, muito mais pelo risco que corríamos de ter que entrar em guerra contra o Brasil (com a certíssima neutralidade da Bahia), o que, paradoxalmente, nos daria muito trabalho (isola!), do que pelo medo de desprestigiar o Plebiscito, causa que vinha em segundo lugar. Outras idéias interessantes nos ocorreram, mas foram igualmente abortadas pelos mais diversos motivos: a proclamação da independência de Pau Doce, separando-nos do Brasil e criando a República Livre de Pau Doce (que já existe de fato); a suspensão do exercício de todas as religiões, fundando-se, em contrapartida, “O Nirvana Paudocense”; a proibição da ingestão, por maiores de 18 anos, de água pura; e outros tantos temas sérios, mas, de alguma forma, problemáticos. Depois de dois torturantes meses de frustração e debate, finalmente salvamos o plebiscito. A SOCIABAIXOPAU decidiu, sabiamente, aliás, que a questão a decidir não poderia ser relacionada com aspectos fundamentais e substantivos de nossa vida, pois, pela índole paudocense, toda mudança implica em trabalho e todo trabalho ou é imoral, ou é ilegal, ou emagrece, mas apesar de todas essas recomendações positivas nosso DNA não o suporta. Teria o Plebiscito que versar sobre algo simbólico e acessório. A sapientíssima decisão recaiu sobre a escolha de um símbolo que encarnasse a essência de Pau Doce. Tecnicamente, o Plebiscito não seria um Plebiscito, com um “sim” ou “não” como resposta. Estaria mais para uma consulta popular, com respostas em aberto, para que cada um escrevesse sua sugestão. Numa metodologia revolucionária, a proposta mais citada seria declarada a vencedora. Mas, para nós, não se tratava de consulta e sim de Plebiscito. Disso não abríamos mão. E, por mais que as respostas fossem livres, havia partidos e partidários. Com tudo o que esses estranhos ajuntamentos tem direito: claques, cabos eleitorais, boca de urna, comícios e outros bichos. Uns propunham, como símbolo, um enorme pau, um tronco de árvore, claro, do qual escorreria mel numa alegoria ao nome de nossa praia; outros, defendiam um pé-de-chinelo, velho e folgado. E a lista prosseguia: uma fruta-do-conde, e uma garrafa com o rótulo “Pinga do Pau Doce”, e um biscoito molhado, e um pescoço com um orifício, tatuado com as palavras “Papo furado”, e uma flor de papoula, e uma prato de arroz com feijão e... E muitos e muitos outros. Enfim, quando chegou o grande dia, a cidadania paudocense em festa, em gala e engalanada, foi às urnas. Fim do domingo, último voto depositado e a apuração teve início, já com o sol posto. Adentrou a noite, transpôs a madrugada, enfrentou a manhã, a tarde e a noite da segunda. Para encurtar a ladainha, no sábado à noite foi, enfim, encerrada. A comissão apuradora da SOCIABAIXOPAU, destruída por uma semana indormida, passada a votos e gorós (graças a estes conseguiram os bravos manter a vigília e a contagem), anunciou, afinal, o resultado. Venceu, por esmagadora margem, um símbolo que não havia sido candidato por nenhum dos partidos, um milagre do boca-a-boca, da intuição e sabedoria popular: o gato. O gato, mas não um gato qualquer. Venceu um gato específico, famoso mundialmente, amado, adorado, um semi-deus: Garfield. Sim, o super-star e o super-herói de Pau Doce. Ninguém mais Pau Doce do Garfield e ninguém mais Garfield do que Pau Doce. Sua volúpia, sua energia, sua hiperatividade totalmente nulas e inexistentes, coincidem “ipsis literis” com as nossas. O gato gordo, que dorme para viver, que prefere ver o mundo acabar a ter que se mexer, com um mordaz espírito crítico ferino, felino, que faz o Jon de idiota e o Odie de imbecil, que é um sumidouro de comida, esse gato, somos nós. Iguaizinhos, sem tirar nem pôr. Apenas, com algumas adaptações. Nosso Jon é o governo, nosso Odie, qualquer autoridade, qualquer regra, qualquer determinação, nossa comida é líqüida, nossa preguiça, a razão de viver. Garfield de Pau Doce. Nem Jim Davis imaginaria!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

38 Gingoubeus

Como é lindo o Natal em Pau Doce! Em primeiro lugar, porque é verão. E aqui o verão é verão-verão. Isso ocorre porque durante os doze meses do ano o verão não nos abandona. Nada de primavera, outono e, sobretudo, o inverno. Eterno veraneio. Mas, em dezembro! Em dezembro o bicho pega. Dezembro, Natal, verão. Ah, porque o Natal em Pau Doce também é em dezembro, por incrível que possa parecer. Claro, é em dezembro como em todo lugar. Como o leitor (que, em geral, é um desmemoriado) está cansado de saber, o Natal, no mundo inteiro, é comemorado em dezembro, no dia 12. Aqui também. E como é lindo nosso Natal! Apesar dos quase 70º centígrados, comum em nosso verão, nesse dia, invariavelmente, neva. Não pergunte, estultíssimo leitor, como nem por quê. O fato real, verdadeiro, inquestionável, é que, nesse dia, neva. Cai uma neve intensa, branca, gelada. E como o calor é brutal, a neve tem que ser abundante, já que tudo aqui abunda (em tudo há bunda). Toneladas e toneladas de neve autêntica e com firma reconhecida. Caso contrário, as bebidas esquentariam. Toda essa neve cai, diretamente, dentro dos copos dos paroquianos. E, sendo Natal, como em todo lado, aqui em Pau Doce também é uma festa religiosa. Religiosa e tradicional. Sendo religiosa, a bebida oficial é vinho de missa. Tonéis e tonéis de vinho vaticanizado, pasteizinhos de Santa Clara, pãezinhos de Santo Antonio, leitão a pururuca a João Paulo 2º, lagosta ao molho franciscano, picanha assada em fogueira da inquisição, papos de anjo, Martinhos Luteros ao roquefort... E, além de religiosíssimo, nosso Natal é tradicional. Papais-noéis às pampas. Papais-noéis saradões e anabolizados. Daqueles que só de olhar para eles já se sabe que presente estão trazendo. Olha-se o saco e já se vê o presente. Priminhas-noéis (não podem ser mamães pela ausência de celulite e pela grossura das coxas) ma-ra-vi-lho-sas(!!!), obrigando os mais deserotizados cidadãos a enrijecerem seus preâmbulos e intumescerem suas picardias. No dizer popular, levantam até defunto. E a tradição é mantida à risca. Os Papais-noéis entram pelas chaminés das casas, já com o saco na mão e tirando o presente para fora e as esposas, como sempre, ficam excitadíssimas com a introdução, enquanto os maridões, apesar da total inexistência de chaminés, acham normalíssimo. Os defensores dos animais e o clube GLS explodem de felicidade, pois as ruas ficam chapadas de renas e viadinhos. É lindo vê-los saltitando uns e cuspindo no chão outras, em plena renagem e total viadagem. Os sinos gemem, os esquilos coaxam e os besouros miam. Tudo na mais absoluta normalidade. As canções natalinas ecoam por todo lado. Aqui “bate o sino pequenino”, lá “Papai-noel já morreu”, mais além, “pobrezinho nasceu em Belém” um pouco pra lá de mais além “o sino gemeu” (incrível essa!). Mas, o mais importante em nossa natividade, o fulcro, o ponto e figura central é o grande Papai-noel de Pau Doce. Não se trata, é claro, dos já citados “macho-men” de saco vermelho na mão, invasores de lares falsamente enchaminezados. O verdadeiro Papai-noel de Pau Doce, primeiro e único, pouco ou nada, na verdade, nadíssima de nada tem a ver com o velhote comercializado no mundo inteiro. Idoso, gordão, barbona branca, oclinhos sem aro, vestido ridiculamente de vermelho com botas e cinturão pretos, sonorizado por uma risada medonha: Ôuh!Ôuh! Ôuh!Ôuh!Ôuh!Ôuh!Ôuh! O nosso não, só tem em comum, com essa figura esdrúxula, o nome. Para começar, o de Pau Doce é bastante jovem, um garoto mesmo, menino quase, não tendo mais de 75 anos, talvez até algo menos. Magro, magrinho, magérrimo. Botas pretas, combinando com o enorme cintão que lhe cinge a pança. Seus cento e poucos quilos são embrulhados por um conjunto de larguíssimas calças e uma batona folgada de cetim vermelho, com um filete de debrum branco acompanhando as costuras da bata. Na cabeça, decorada por uma longa barba branca e revolta e oclinhos redondos e sem aro, é coberta por um singular e ridículo – ridículo no sentido mais carinhoso possível – barrete com uma ponta branca que lhe chega até quase o ombro. Ele adora ouvir os pedidos das crianças às quais responde, invariavelmente, com uma sonora e agradável gargalhada: Ôuh!Ôuh!Ôuh!Ôuh!Ôuh!Ôuh!Ôuh! É um horror! Mas, por mais horroroso e cafona que ele seja, ele é nosso. Só nós o temos. E isso muito nos orgulha. Além do Papai-noel de Pau Doce, sui-generis, nosso Natal tem outra singularidade: temos aqui algo que a maioria das pessoas nunca viu e não podem sequer imaginar. Trata-se de uma réplica de uma cena bucólica, incrivelmente curiosa. Nela, na maioria das vezes de forma miniaturizada, há muitos personagens rurais com seus inseparáveis animais: carneiros, vacas, burros e até galinhas. Porém, o que lhe dá brilho invulgar, tornando-a uma obra sem igual, ao mesmo tempo, bela e chocante, é que, junto a essas figuras campestres, há, estranhamente, num verdadeiro “non-sense”, a presença de uns seres alados, meio andróginos, e outros ricamente vestidos, que insistem em introduzir no recinto, três camelões enormes, como se nossa zona rural fosse uma sucursal do Jardim Zoológico. Há também uma enorme estrela em posição absurdamente próxima ao solo, colocada sobre uma gruta onde estão postadas mais algumas pessoas e vários animais. Essa cena, não é como pode parecer ao apanacado leitor, única. Por exemplo, montada numa praça, ou outro lugar público. Não, nada disso. Existem centenas de réplicas dessas cenazinhas. Nas casas, nas praças, nas escolas, nas igrejas. Nenhuma exatamente igual à outra, mas todas muito semelhantes. E a cada ano, as pessoas vão agregando mais bugigangas e penduricalhos. E elas desaparecem, como por milagre, uma semana depois do Ano Novo, para reaparecerem, invariavelmente, no Natal seguinte. É incrível. Até hoje, por mais que pesquisemos, não conseguimos saber de onde se originou essa estranha tradição, única em nosso Natal. Só em Pau Doce mesmo!

sábado, 20 de novembro de 2010

37 S’eu cozinho, eu não lavo

Meu grande amigo de Sampa, Tolomeu Bartolo, o Tolo, resolveu seguir meu exemplo e vir se instalar em Pau Doce. Também, como eu, de extirpe nobre, compartilhava comigo a prática do mesmo esporte olímpico: a alta pilantragem noturna. Considerava-se muito jovem para sair de casa e ter vida independente, mas seus pais não concordavam com seu ponto de vista. Em especial, seu pai, o Conde Vivomeu Bartolo, o Vivo, um milionário de coração empedernido e que sempre demonstrou pouco afeto por seu filho único (a partir do nome que lhe deu), e exige que ele, praticamente ainda adolescendo, se estabeleça por conta própria. Quer que essa verdadeira criança torne-se independente. O velho Vivo afirma temer pelo futuro do filho, caso venha a morrer, já que está se aproximando dos 90 anos. É um blá-blá-blá sem sentido. Pobre Tolo! Acho que ainda nem tirou a carteira de motorista. Mas, fazer o quê? Como ele soube de minha vinda para Pau Doce e pressionado a fazer vida própria, veio para cá também. Com a grana do velho e por imposição dele, resolveu montar um bar. Mais um aqui na praia. Mas, aqui, um bar a mais nunca é de menos. Um bar a menos é que seria demais. Discreto e humilde como sempre, resolveu dar seu próprio nome ao estabelecimento. “Bar Tolomeu Bartolo, meu”. Explicou a adição do possessivo ao final, porque não resistiu à sonoridade do eco. Ficou lindo! A inauguração coincidiu com o dia de seu aniversário de 35 anos. Grande festa, grande noitada. Gandaia das boas. Passada a efeméride, Tolomeu resolveu fazer do Bar Tolomeu um centro de referência da culinária paudocense. Situação extremamente interessante, pois ele, recém-chegado, desconhecia por completo a culinária de Pau Doce, que, por sua vez, nunca existiu. Assim, o cara-de-Pau Doce foi obrigado, com nossa ajuda – aquela meia-dúzia de 3 ou 4 de sempre – a inventar a antiga e tradicional culinária paudocense. Antes, porém, discutimos se o estabelecimento seria temático. Chegamos à conclusão que em Pau Doce todos os bares são temáticos, tematizados com os temas que nos são caros, consubstanciados nos famosos 10 Mandamentos, trazidos, há muito tempo atrás, por Moisés (da farmácia), que os encontrou impressos num bloco de pedra, depois de um mês perdido no Monte Sinal (ao menos foi essa história que contou para a mulher, quando reapareceu, sujo, sem a dita pedra que ele afirmava ter encontrado, com marcas vermelhas lambuzadas no rosto e na camisa e cheirando a uma estranha mistura de cachaça com perfume barato). A mulher, que, de início, desconfiou da história – já que Monte Sinal é, de fato, uma montanha que fica na serra atrás de Pau Doce, Paúba e Maresias, com o formato de um ponto de interrogação, mas, coincidência ou não, é também o nome de um puteiro de 5ª categoria em São Sebastião – xingou Moisés de “filho da puta” pra cima (ou pra baixo), ameaçou ir embora levando consigo os 8 filhos, tentou arregimentar as amigas para irem, com ela, a São Sebastião arrebentar a casa das quengas, mas acabou amansando e tornou-se a maior divulgadora do Decálogo de Pau Doce, que é mais ou menos o seguinte (mais ou menos, porque há varias versões levemente discrepantes):


1º- Jamais trabalharás.
2º- Só tomarás água na infância ou na doença.
3º- A manhã foi feita para dormires.
4º- Nunca permitirás que profanem o sagrado recinto do Bar.
5º- Ânus de alcoólatra terá proprietário, que será, obrigatoriamente, o
próprio portador.
6º- O único suor digno é o do descanso sob o sol.
7º- Todo cônjuge terá direito divino a folgas sabáticas (de um ano)
todos os anos, se assim o desejar.
8º- Só casarás como último recurso à sobrevivência.
9º- Repudiarás, como traidor, todo aquele que se deixar seduzir pelo
trabalho.
10ºSerão considerados sinais de santidade: o coma alcoólico e a
cirrose hepática.

Assim, descartamos a opção temática. Fomos aos nichos. Por sexo, por idade, por profissão... Descartamos todos, já que por aqui pululam todos esses nichos. A decisão final recaiu, depois de tanto debate, sobre a idéia original: o “Bar Tolomeu Batololo, meu” seria especializado na “tradicionalíssima” culinária paudocense. E como essa não existia, nem havia existido jamais, tudo o que fosse novo, estranho, esquisito e revolucionário, caberia no cardápio da casa. Bastariam criatividade e audácia. E, então, coletivamente, entre um pifão e um pileque e, sobretudo, durante cada um deles, fomos compondo essa maravilhosa cozinha, cuja fama de excelência, hoje, tão pouco tempo depois de ter sido criada, espalhou-se pelo mundo. Há turistas de toda parte: da China, do Ceilão, do Havaí, da África do Sul, da América do Leste, da Europa Equatorial, dos Estados Unidos do Zimbábue, que acorrem a Pau Doce pelo simples renome da Cu-de-Pau (que é como ficou conhecida a “CUlinária DE PAU Doce”). Para que o desinformado leitor tenha uma parca idéia desse universo de sabores, eis alguns dos nossos pratos: “Curintiano” (salada de arroz branco com guisado de feijão preto); “Xinxumbunga de Paragantunga” (mix de todos os ingredientes que estiverem sobrando na geladeira do estabelecimento); “Pinto mole não entra” (galináceos jovens de carne rija – os de carne tenra são descartados – curtidos em vinho branco por duas semanas e flambados à vista do cliente); “Grangrena” (GRANdes GRElhados NArcotizados: perus grelhados na folha de coca); “Feijão emporcalhado” (o famoso legume vai acompanhado de cortes selecionados de carne suína: orelhas, rabinho, pés, toucinho e lingüiça); “Um dia de cão” (salgadinhos recheados de pimenta malagueta e coentro); “Safadinha gostosa” (salada de alface safadinha e queijo provolento); “Toillet masculino” (rins bovinos temperados com ácido úrico tri-filtrado); “Biscoito anal” (biscoitinhos de polvilho com formatos dos algarismos correspondentes ao ano em curso); “Piranhas do Egito” (o famoso peixe ao forno, adornado com tâmaras); “Arca de Noé” (guisado de carne bovina, suína, caprina, galina e peixina); “Xanadu” (vulva suína adubada com molho Roquefort); “Cala a boca!” (doce puxa-puxa de açúcar queimado); “Nosferatu menstruou” (chouriço de sangue bovino talhado por molho de sangue suíno); “Pura que o patiu” (grogue de cachaça pura com meio patiu de mandioca); “Lulinha paz e amor” (calamar com um dos tentáculos cortado, com língua presa por capim barba de bode); “Merdalhão” (medalhão de filet-mignon lambuzado com creme a escolher); “Axé-music” (glúteo de vaca e testículo de touro); “New-sertanejo” (feijão tropeiro liquefeito servido em chifres de boi) e tantos outros pratos maravilhosos, como: “Não põe a mãe no meio”, “Senta que o leão é manso”, “Aqui ó!”, “Cru-de-ferro”, “Nó em pingo d’água”... Ficou ou não ficou uma maravilha a nossa Cu-de-Pau?

domingo, 14 de novembro de 2010

36 Esculpindo alimentos

Muitos dizem que cozinhar é uma arte. Conhecida no mundo fashion por cozinharte. Há os que afirmam que, mais do que cultura, a preparação de alimentos exige amor, dedicação e trabalho. Talvez, esta última razão explique o fato de eu sempre ter odiado a cozinha. Nojo é a palavra mais certa. Quando descobri que os alimentos não apareciam do nada, já prontos para serem consumidos, e que eram preparados em locais especiais, senti nojo. Antes de chegar a Pau Doce, isto era algo que sequer existia para mim. Era como se eles, os alimentos, estivessem prontos desde sempre. Só se materializavam na hora em que os via na minha frente. Na mansão em que morava quando criança com minhas babás (mamãe estava sempre viajando), não havia cozinha. Era o que eu achava. Se existia uma, eu nunca a vi, nem nunca nela entrei. Na mansão da adolescência, idem. E, quando já adulto, na terceira mansão, também a cozinha inexistia. Mamãe, mesmo ausente, sempre me proveu de tudo. E minhas babás, empregadas, mucamas e aias faziam a comida se materializar na minha frente, e pronto. Teus, também, muito contribuiu, com sua insondável divina grana, para minha virgindade culinária. Só depois de chegar a Pau Doce, muito depois, é que comecei a conhecer os segredos da cozinha. O primeiro prato que aprendi a fazer foi pão com manteiga. Apesar de toda a minha natural resistência, meus amigos acabaram, praticamente, por me obrigar a essa primeira aprendizagem vergonhosa: ou eu, dali por diante, aprendia a passar a manteiga no pão, ou passaria a comer pão com pão. Apesar da minha repulsa visceral – afinal, passar manteiga no pão não deixa de ser uma modalidade de trabalho, tão vergonhosa quanto qualquer outra – a constatação de que eu não mais iria ver a manteiga derreter no pão quente, falou mais alto. Durante um mês, com enorme força de vontade, procurei dedicar-me com afinco a essa aprendizagem. Não foi fácil. Noites e noites, acordei suado e ofegante, após terríveis pesadelos, nos quais eu morria afogado em rios de manteiga, ou era ridicularizado nas ruas de Pau Doce, como se eu, de fato, estivesse trabalhando. Afinal, aprendi a fazer este sofisticado prato de nossa culinária. Primeiro, abre-se o recipiente que contém a manteiga (lata, pacotinho ou embalagem plástica); depois, com muito cuidado (em se tratando de pão francês), com uma faca de lâmina serrilhada, abre-se uma fenda do lado direito do pão no sentido de seu comprimento, levando-a até o lado oposto transformando-o em duas metades iguais; a atenção do cozinheiro deve voltar-se nesse instante para a fonte de manteiga: aí, usando uma espátula, ou faca lisa, ou, não havendo outra forma, a mesma utilizada para abrir o pão, com cuidado para não penetrar com muita profundidade na pasta (que deve estar a temperatura ambiente, jamais resfriada) retirando dela, se possível com um movimento da direita para a esquerda, uma porção com cerca de 5 gramas; a última etapa deste saboroso prato é da maior importância para o resultado final: tomando-se na mão esquerda, a metade inferior do pão, deve-se espalhar a manteiga recém retirada de sua fonte, no sentido longitudinal, suavemente, com o mesmo utensílio que a esteja portando, se possível, obedecendo a mesma direção anterior, ou seja, da direita para a esquerda. As operações de retirada da porção de manteiga e a de sua colagem no pão devem ser repetidas quantas vezes se fizerem necessárias para completar a sobreposição de toda a área interna do receptáculo. Depois de terminada a manteigalização da primeira metade, todo o processo deve ser reproduzido, de maneira idêntica para a cúpula do pão. E aí, depois de todo esse trabalho, se ao cristão ainda sobrarem forças e apetite, ele poderá saborear essa sofisticada iguaria. Uma vez deflorado com carinho, quer dizer, uma vez decorado o caminho, tudo ficou mais fácil. Onde passa um boi, passa uma boiada. O meu segundo prato foi a adoçação do café. Durante toda a minha vida, eu seria capaz de jurar que café era uma bebida doce, como o licor. Jamais me passou pela cabeça que fosse necessário adoçá-lo. Quando descobri essa tragédia, resolvi não mais tomar rubiácea se estivesse sozinho, sem ninguém para açucará-la para mim. Porém, após o aprendizado da manteiga, acabei por sucumbir também no café. Daí por diante, não parei mais. Fui aprofundando minhas habilidades de gourmet. Por exemplo, aprendi a fazer cubos de gelo. Essa tarefa, totalmente nova para mim, de transformar água líquida em água sólida, foi revolucionária. Nunca imaginei que fosse possível fazer tal operação fora das linhas de montagens das fábricas de gelo. Produzir gelo na própria residência ou estabelecimento comercial do paisano, na sua geladeira ou freezer? Incrível. Confesso que ainda não dominei, totalmente a técnica de gelificação, mas, na maioria das vezes que tento, me saio bem. Que incríveis mistérios não contém a natureza! Só a maturidade nos permite desvendá-los. O amendoim, por exemplo. Descobri que o abençoado amendoim não é, em sua forma original, como sempre pensei que fosse, da forma que sempre me foi servido. Uma castanhazinha pequenina e amarelada, ou às vezes, quando já idosa, coberta por uma pele escura. Para meu espanto, descobri, recentemente, que ele, o amendoim, vem embalado de fábrica num invólucro estranho, como um casulo de palha seca, contendo lóculos que abrigam os grãos (amendoins são grãos, me disseram). Superei este outro desafio e já domino a complicada técnica de produzir o amendoim livre do seu invólucro. Com a chegada da comida congelada a Pau Doce, aprendi a fazer pizza, nugets e lazanha. Claro que jamais fiz qualquer desses pratos. Sempre há, na roda, alguém disposto a fazê-los. Mas, eu tenho alguma idéia de como se opera para produzí-los. Estou me preparando, agora, para o grande salto à frente. No ano que vem, quero estar em condições de começar a aprender a fazer um dos pratos mais deliciosos da culinária universal: o ovo frito! E com gema mole. Vulgo “zoiudo”. Claro que quero aprender a fazê-lo em seus mínimos detalhes e em toda a sua sofisticação. Mas, só teoricamente. O que, aliás, já é outro vergonhoso trabalho. Te cuida lobisomem!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

35 Hincha pelota!

Todo verão é a mesma coisa. Invariavelmente, mal começa dezembro, e alguma praga se abate sobre Pau Doce. Já tivemos pragas dos mais variados tipos, de bichinhos pequenos a médios e grandes; de aéreos a terrestres e marinhos; alguns mais agressivos, outros bastante passivos. Ano a ano, toda uma fauna. Houve verões em que dominou a Lacerdinha, inseto muito pequeno, pouco maior que uma pulga, pretinho, que enxameava os arbustos das ruas e jardins. Onipresentes nos anos 60, saltavam sobre o desavisado passante e quando atingiam os olhos, a vítima sentia um queimar agudo e passageiro. A Lacerdinha leva esse curioso nome popular porque, além de ser extremamente irritante e dar a impressão de estar em todo lado, como o exuberante tribuno carioca cognominado “o Corvo”, segundo alguns entomologistas, ela era gerada e nutrida pelo “alitum lacerdarum”, quer dizer, pelo respirar, pelas palavras e pelos discursos do próprio Carlos Lacerda. Com o falecimento do famoso político, elas desapareceram de todo Brasil, com exceção de suas esporádicas visitas estivais a Pau Doce. Tivemos outros visitantes. Num verão, foram os Piripipis, pequeninos voadores em formato de guarda-chuvas abertos, que desciam suavemente aos milhares como miniaturas de pára-quedistas. Noutro, os Carpintchos, lagartixas de 18 patas e 2 rabos. Vieram, também, os Pinica-pinto, peixinhos de um centímetro de comprimento, especialistas em mordidinhas nas pernas – várias – dos banhistas, como se fossem beliscões. Ano passado, tivemos as Traças Voadoras, primas dos Cupins Alados, com a mesma capacidade de seus priminhos pentelhos para entrar na boca das pessoas e cair nos pratos de comida. Tal é a inexorabilidade dessa invasão sazonal, variando sempre o tipo de invasor, que temos uma Casa de Apostas dedicada, integralmente, ao Jogo do Bicho, que aqui em Pau Doce nada tem a ver com a conhecida loteria de números associados a animais, consistindo na efetuação de apostas sobre qual será a praga do próximo verão. A dificuldade da administração dessa modalidade de jogo reside no fato dele possuir uma gama ilimitada de possibilidades: em princípio qualquer animal, sobretudo os pequenos alados, são candidatos a protagonistas do próximo verão. Este ano, por exemplo, periga não haver qualquer vencedor, já que a praga de turno era totalmente inesperada. Pau Doce foi invadida por um enxame de turistas argentinos. De que praga se tratará? Deverá estar se perguntando o obnubilado leitor. Tratar-se-á de insetos carnívoros? De roedores bailarinos? De alguma bactéria que cause incômoda irritação? Não, jejuno leitor, turista argentino é uma subespécie (subdivisão da espécie) de homo sapiens (no caso, homo milongueirus), que habita um vasto nicho ecológico ao sul da América do Sul, onde sobrevivem comendo vísceras de animais e bebendo uma estranha mescla de vinho com erva mate, sendo descendentes de espanhóis que falam como italianos e se consideram britânicos. Há, neste verão aqui em Pau Doce, turistas argentinos saindo pelo ladrão. Não se fala mais paudocês como sempre. Só se ouve, por todo lado, “che boludo!” “pelotudo de mierda!” e “hijo de mil putas!” No Bate-coxa e no Espreme Saco, duas das melhores casas de danças que temos por aqui, os ritmos brasileiros foram expurgados. Domina o tango. Todo sanfoneiro caiçara virou bandoneonista. Pelas ruas assobia-se “Cambalache” e “Mano a mano”. Nos botecos, o samba cantado até o amanhecer, foi substituído pela “zamba”, que o cavalheiro dança tentando envolver a dama com um lenço e do qual ela finge fugir ou simula se mandar. E a caipirinha? E a purinha? E o caju amigo? E a batida de maracujá? E o rabo-de-galo? E a pinga com fernet? Tudo, tudo foi substituído pelo mate amargo. Estamos tomando cachaça como o gaúcho toma chimarrão: chupando no canudinho de prata. Ao invés da cerveja, vinho. Vinho tinto de 18º, marcas Toro e Facundo, que os boludos trazem na bagagem, não em garrafas, mas em caixinhas como as de leite. Sábado passado, no Amansa a Jeba, barzinho perto da praia, ao lado do Pinico Também é Panela, dois gringos foram hospitalizados, na verdade, posto-de-saudelizados. Tudo porque, no auge do quilombo, um deles resolveu gritar: “Viva Perón, carajo!” No que o segundo, atirando-se sobre o peronista, contestou: “Perón es la puta que te parió!” Num minuto, era pedaço de orelha de portenho por um lado, dente canino de entreriano voando por outro. E não houve outra solução melhor do que recolher o que restou dos dois e mandar para o Posto de Saúde. Os que sobraram, resolveram celebrar a paz, inclusive aprofundar a velha e maravilhosa amizade entre eles e nós. Surgiram até duplas mistas de cantores como Gardel Rosa, Carlos Noel, Airton Fangio, Néstor da Silva, Maradona do Nascimento e Peladona. Para selar a amizade entre Brasil e Argentina, resolvemos promover um jogo de futebol (na praia ao lado, que aqui o futebol é proibido) entre os dois paises. Houve 32 jogadores internados no Hospital Municipal de São Sebastião. Onze em estado grave. Infelizmente o verão está acabando e a praga desse ano, que lastima, ya se vá. A la puta que los parió, carajo!

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

34 Pluviometricidade aguda

Faz já dias e dias que está chovendo. Aliás, estamos discutindo Micoim, Bigorrilho, Meio Quilo, Pilha Fraca, Lexotan e eu há quanto tempo não para de chover. Micoim fala em 32 dias, Bigorrilho diz que não passam de 27, seis meses e meio é a afirmação do Meio Quilo, o Pilha Fraca abaixa esse tempo para a metade, o Lexotan jura não se lembrar de quando viu o sol pela última vez e eu, o mais comedido e equilibrado, fico com modestos 19 dias. O fato é que meus 19 dias foram um chute total, apenas para ficar com o número menor. Na verdade, como o Lexotan, também não faço a mínima idéia de quando o céu começou a despencar em cima de Pau Doce. Tenho certeza que os outros quatro pinguços, pinguços não, pelo amor de Deus, aguardentólatras, estão chutando como nós e não têm qualquer noção do que estão falando. A impressão mesmo é que Macondo baixou em Pau Doce. Chove de tudo quanto é lado, não apenas de cima para baixo, como seria o normal, já que o vento leva as gotas para onde quer, até para cima. O único som que se ouve é da água caindo e do vento dançando nas árvores. O barulho do mar, sempre tão presente, desapareceu. Os sons humanos sumiram. O dos animais, terminou. As raras pessoas nas ruas parecem sombras, os cachorros, mesmo os mais peludos, são como lontras molhadas, nem os gatos estão secos. E a nós, os cidadãos de honra e respeito, só nos resta fazer o que só fazemos quando não tem outro jeito: jogamos conversa fora e enchemos a cara. Claro que sempre fazemos o possível para que a situação não tenha jeito. E para que os proprietários dos serviços de utilidade pública essenciais não reclamassem, foi programado um percurso por todos eles, semana a semana. Nesta, já estivemos no Café Coado, no Piolho no Barro, no Chaveco de Gaveta, no Macaxera com Chantilly, no Bar Bicha e hoje estamos acampados no Sans Chupança, aquele em que “sóbrio não entra e bêbado não sai”. Aqui, sob a regência da proprietária Glória de Pau Doce, estivemos tomando soro destilado de baixa graduação na veia e discutindo. Não discutimos apenas se já houve algum dia sem chuva por aqui, se ela é, de fato, eterna, ou se estamos com a memória fraca; ainda que este tema fosse o dominante, falamos também sobre outros assuntos. Por exemplo, acabamos de discutir sobre o casamento civil de homossexuais, tema, com certeza, ensejado pelo clima do Sans. Em verdade, tecnicamente falando, não houve discussão, já que todos somos favoráveis à união, com exceção do Lexotan, que não conseguiu se lembrar, por mais que tentasse, o que queria dizer homossexual. Teimou que era um tipo de equipamento para cortar madeira, como uma serra elétrica. Como não conseguimos demovê-lo, descartamos sua insistente e cortante opinião. Concluímos, por unanimidade, semi-unanimidade (a serra elétrica!), que o que deveria ser proibido era, sim, o casamento tradicional, entre homem e mulher, já que este tem objetivos muito pouco defensáveis, egoístas e antropocêntricos. O principal deles é a geração de filhos, multiplicando no planeta essa raça de exterminadores, de poluidores e de predadores, criando pencas e pencas de crianças que, em sua maioria, crescerão e gerarão outras tantas pencas e pencas, num assustador crescimento geométrico: 28 milhões em 1500 aC., 170 milhões no início da era cristã, 400 milhões por volta de 1500 dC. e mais de 6 bilhões hoje. Fosse abolido, terminantemente proibido, o casamento heterossexual, responsável pela institucionalização do parto legal, e o número de nascimentos cairia fenomenalmente a padrões mais aturáveis e dignos, já que as fecundações dos óvulos pelos espermatozóides ocorreriam em relações livres e eventuais. Importante pesquisa, patrocinada pela ONU, produzida por cientistas da Universidade Nacional da Terra do Fogo em colaboração estreita com professores do Instituto Mao Tse Hitler, com sede em Guaribas, PI, chegou à conclusão que 95% das relações sexuais entre casais formalmente constituídos ocorrem desnecessariamente, já que um dos dois ou, ambos, não estão interessados, nem motivados para o ato. Porém, são culturalmente pressionados. Um, mesmo não querendo, acha que o outro quer, o que, de forma alguma, é verdade. O homem teme por sua masculinidade. A mulher sofre por sua feminilidade. Ele se sente obrigado e ela obrigada se vê. Se a algum dos dois for perguntado, pelo outro, se deseja o conluio carnal, a mentirosa resposta será, quase invariavelmente, sim. O “sim” é para não melindrar ao que perguntou, que, em principio, deve querer, mas que só inqueriu por desencargo de consciência. Do total de filhos gerados, ainda segundo a pesquisa, 99,98% o são pelos 95% das relações não desejadas. Se os casais casados não fossem casados, só relacionar-se-iam sexualmente quando, de fato, estivessem motivados. Não morando juntos, não dormindo na mesma cama, tendo que pagar motel, tendo que ter o mesmo tempo livre disponível, as relações não totalizariam os restantes 5%, mas cairiam para mínimos 1,03%. Este é um índice razoável, mais condizente com o que a natureza sonhou para a espécie humana, longe, por exemplo, dos ratos urbanos que copulam 20 vezes por dia. Bigorrilho argumentou, brilhantemente, que muitas religiões, que se dizem divinamente inspiradas, proíbem seus sacerdotes e sub-sacerdotizas de se casar, obrigando-os ao celibato perene. Por alguma razão sábia o farão. Aplaudimos de pé o fecho de ouro de nossa discussão. Glorião, felicíssima, liberou bebida grátis pra todos. Tomara que a chuva não pare nunca mais...