domingo, 27 de junho de 2010

8 Mãe é um poema!

Mãe é mãe, sempre mãe. Esteja onde estiver e com quem. A minha, é um exemplo. Está lá em São Paulo, a quase 200 quilômetros daqui de Pau Doce, onde estou fazendo essa recuperaçãozinha, mas deve pensar em mim mais de 200 vezes por dia, sempre imaginando uma maneira de me aporrinhar e pegar no meu pé. Claro que ela não quer nem pegar no meu pé e, muito menos, me aporrinhar; quer, sim, me dar uma força, me proteger. Mas, mãe tem um jeito todo seu de proteger. Protege como quem cuida do que é seu, de seus pertences. A minha não vende, não aluga, não dá e não empresta. Por isso, sempre que posso, me mando de São Paulo, vôo em qualquer direção. Mas por mais que eu bata asas, sem tomar fôlego, nem parar, ela sempre me descobre. Nem bem chego no refúgio, ela já me detectou. Tenho pensando muito nessa sua capacidade de me descobrir, nesse sexto sentido, nessa infalível intuição e não encontro resposta. Terá ela parte com meu anjo da guarda? É bem possível. Eu, de minha parte, não confio nem um pouco nesse camarada. Ou será que ela continua freqüentando aquele “pai de santo” que por um pequeno atraso não foi meu pai? Não, esse ela me garantiu que não. Será que é por que sempre que aterrisso eu ligo pra pedir dinheiro? Ou por que, quando não consigo dormir, eu peço pra ela cantar minha canção de ninar preferida? Meus amigos sempre me criticam por isso (não pelo dinheiro, mas pela canção), mas o que é que eu posso fazer? É tão bom! Tem até umas namoradas que acham ruim em ficar fazendo cafuné, e segurando o telefone, enquanto eu ouço ela cantar. Insensíveis! Mas, minha mãe, apesar de tudo isso, é uma mulher especial. Culta, equilibrada, bonita, simpática, bem produzida, eficiente, produtiva e namoradeira como ela só. Sou muito orgulhoso dessas suas qualidades, principalmente da última. Gabo-me de ser filho único de muitos pais. Quer dizer, biológico um só. Mas, pai orgânico eu perdi a conta. Outro dia, num esforço de memória, consegui lembrar de 23. Só da minha fase adulta, por que quando eu era criança, adolescente, é tudo muito confuso, há como que uma névoa na minha cabeça. Antes dos 25, 28 anos não me recordo de nada. Tive pai professor, banqueiro, cantor, metalúrgico, relojoeiro, pastor, coletor de resíduos, lutador de boxe, marinheiro, palhaço (vários), criador de cachorros, bailarino, bicheiro, tradutor de braile, dogueiro, dirigente de clube de futebol, drag-queen e diversos políticos. Com exceção do professor, que cismava em me dar aulas de tudo e do coletor de resíduos, que, às vezes, queria me levar com ele para o trabalho, dos demais não tenho nenhuma queixa. Muito pelo contrário, gostei de todos. Ria com o dogueiro, comia cachorro-quente com o bailarino, dançava com o palhaço, ouvia o lutador de boxe cantar, tapeava o tradutor de braile, aprendi a roubar (de leve) com o dirigente de futebol, me apaixonei pela drag-queen e com os políticos desenvolvi meu ódio visceral ao trabalho e minha tolerância à tolerância (atoleirança!). E todos me tratavam muito, muito bem. Agora mamãe está mais tranqüila, mais assentada, menos frenética. Está namorando um bom homem, (e apenas esse), ainda que esteja casada com outro (muito bom também) e se separando de um terceiro (ótimo, esse). Seu atual namorado, ao qual já me referi antes, é uma pessoa especial, principalmente por que é meu devotado chefe. E me ama como a um filho. (E o que é que eu sou então?). Mas, sobre Teus falarei depois. Mamãe, como dizia, está mais centrada e concentrada. Porém, meu grande problema são meus amigos. São cafajestes e sem-vergonhas e eu tenho que escondê-los dela. Caso contrário, ela engole todos...

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