sábado, 5 de março de 2011

58 Venha a nós o vo$$o reino

Pau Doce tem uma nova coqueluche: aterrissou aqui o messias de uma nova religião. Responde pelo pomposo nome de Néstor Alejandro VIcente FIdel Tabaré CHAvez da SILva, ou NAVIFITCHASIL I. Atribui-se a si próprio, poderes infernalmente divinos e afirma ser a encarnação reincarnada, via metempsicose/osmose/osteoporose, dos antidiluvianos faraós egípcios: Nestor Kirshnofis III, Alejandro Toledmés XVII, Vicente Foxaton IX, Fidel Castrusil 0, Tabaré Vascamon V, Hugotsil Chaves XXXII e Lulanotep da Silva VI. Segundo informações atribuídas ao Sindicato do Mercado Negro Internacional de Múmias Autênticas e Seminovas, NAVIFITCHASIL I tem em seu poder os restos mumificados dos seus sete alegados antepassados. São múmias de alto valor comercial pelo excelente estado de conservação (em se tratando de múmias, obviamente) e por serem exemplares do início da Primeira Dinastia (3100 a. C), época em que os mandatários não tinham a mínima idéia do que era governar, tendo passado à História como protótipos da comicidade política, misturando ingenuidade, inexperiência, experimentalismo infantil, improvisação, insegurança escamoteada e, sobretudo, deslumbramento pelo poder. Conta a lenda que Néstor Kirshnofis III governou como se o Egito fosse um império de corruptos, sempre prontos a mamar nas tetas do estado e arruaceiros que, ao invés de trabalhar, passavam a vida fazendo protestos, piquetes e panelaços. Aos impérios vizinhos dedicou desdém e asco. Caloteiro como ele só, nunca pagava as dívidas, as suas e as do seu governo. Os seres de que mais gostava, dizem, eram os pingüins, animais inexistentes no Egito e que eram trazidos do pólo sul para habitar os seus palácios. Afirmam alguns mumiólogos, que estudaram como poderia ter sido sua fisionomia, que essa predileção talvez se devesse à sua extrema semelhança física com essas personalíssimas aves. Alejandro Toledmés XVII, em seu curto reinado, adotou como animal oficial (sempre havia um animal oficial) o peru. Segundo biógrafos conceituados deste faraozinho de baixa estatura, sua adoração peruana chegou ao ponto dele proibir o popularíssimo consumo do emplumado animal nos dias de Natal, (para o bem da verdade, naqueles longínquos dias pré-piramidais, todo dia era dia de Natal. Como hoje, aliás) punindo os infratores com a morte por afogamento (daí a origem da expressão “afogando o peru, que, muito mais tarde, evoluiu para “afogando o ganso”). Vicente Foxaton IX reinou à sombra de um irmão seu, George W Bushonotep II, rei dos Estados Unidos da Amacedônia do Norte, poderoso, inculto e arrogante. O alcoolismo atávico e a religiosidade mórbida de Bushonotep faziam-no delirar diuturnamente e ser acometido de visões apocalípticas, entre as quais, a de que os egícios pobres (conhecidos por cucarachas), aos milhares, invadiam os EUA para tomar os empregos de seus súditos, com a agravante de tentar infiltrar em seu território o facínora petrolífero Osama Bin Lademcamom e seus barbudos asseclas. Pobre Foxotan, sequer podia respirar livremente sem a apurrinhação do seu irmão do norte. Fidel Castrusil 0 foi um faraó em tudo faraônico. A começar pela dupla duração de seu reinado: foi o mais duro e o que mais durou. Autênticos papiros paraguaios do Antigo Egito calculam a longevidade do faraonato de Catrusil 0 em 1213 anos (mais de mil anos sem sair de cima). Mumificado em vida, governou por séculos de dentro de seu sarcófago-leito do qual só saia para inaugurações oficiais, viagens internacionais e execuções paredonais. Diferentemente de seus antecessores e sucessores, que usavam as roupas egípcias comuns aos incomuns (elite), Castrusil vestia-se, sempre, com fardamento militar, numa antecipação milagrosa de uma moda que só viria a acontecer quase cinco mil anos mais tarde, tendo sido antiquado e cafona por antecipação. Segundo alguns estudiosos, o provecto faraó recusou-se, terminantemente, a morrer, sendo a única das múmias de NAVIFITCHASIL I, a continuar viva, e a quem são servidos, todos os dias, vigorosas doses de rum e enormes charutos, importantes agentes ativos de remumificação. Tabaré Vascamon V reinou num momento em que o Egito viera de uma longa seqüência de faraós de direita, de semi-extrema direita e de extrema-direita tresloucada. Quando muito jovem, pegara em armas contra alguns desses governantes que costumavam agir com mãos-de-ferro e pés-de-barro. Tendo adormecido por algumas décadas, acordou achando que tanto o seu reino, como o mundo todo, ainda eram os mesmos do que quando pegara no sono. Para seu azar, não eram! Hugotsil Chaves XXXII foi um faraó fanfarrão e macarroneador (seja lá o que macarroneador queira dizer). Tentou dar um golpe na velha e boa oligarquia sumo-sacerdotal e esta, unindo-se à dos meios de comunicação verbal e aos militares tribais, retribuiu com um contra-golpe. Hugotsil conseguiu reequilibrar-se, mas por pouco, muito pouco, pouco mesmo não foi tragado pelo Nilo, indo servir de alimento às famosas piranhas do Egito (que não são meretrizes egípcias como muita gente pensa). Lulanotep, dinossáurico líder sindical, organizou os operários que trabalhavam na construção das pirâmides do ABC (região operária do Antigo Egito) e fundou o PT (Partido Tamarista) que uniu os coletores de tâmaras em torno de sua luta por melhores condições de trabalho (“mais cama e menos tâmara ou mais câmara e menos tama”). Com muita determinação - apesar de ter perdido parte de um dedo em sua labuta meta-lúdica (colher tâmaras para ele era brinquedo) e ser chamado por concorrentes e pela nobreza de “sapo barbudo” (o sapo era sabidamente um animal amaldiçoado no Antigo Egito e usar barba era próprio dos salteadores, sicários e portadores de HIV) - de tanto tentar, da Silva tornou-se Lulanotep VI. Reinou ao lado da Rainha Marisis, a Deslumbrada, tendo predileção especial por peladas, churrascões (camelo assado na brasa) e por pronunciamentos improvisados, ocasiões (freqüentíssimas) em que, tomado por espíritos profundos, proferia lições de vida e dava aulas de administração pública, prenhes de metáforas cuja chulice e primariedade jamais foram encontradas iguais, até mesmo nos textos sagrados ou nos escritos dos sábios metafóricos. NAVIFITCHASIL I, protegido por tal plêiade de semi-divindades, escudado em seus ensinamentos e inspirado em suas biografias, fundou sua definitiva seita: a seita “Aceita-se Tudo”, também conhecida como a religião “Arre, Ligião!” (Ligião é a amante oficial do supra-sumo-sacerdote). Seus principais dogmas são: Deus não existe, sequer o bem existe. Não existindo o bem, não existem, também, o mal e o demônio. O ser supremo, a ser cultuado e adorado é o Dinheiro. Por essa razão, ele é tão misterioso, tantos tentam entendê-lo, definí-lo e explicá-lo, sem sucesso. Quem cria os automóveis, os aviões e os computadores? Ele. E as cidades, as rodovias e as fazendas? Também Ele. Do mesmo modo, de forma que ainda não alcançamos entender, Ele criou a vida, o homem, o universo e tudo o que nele existe. É considerado sagrado, na “Arre, Ligião!”, todo aquele esforço que vise produzir e reproduzir a divindade. Assim, toda ação objetivadora de aquisição e multiplicação do dinheiro é santa: um assassinato, um roubo, uma doação, um sacrifício, a prática sexual, sempre e quando tenham por finalidade o lucro. O sexo não pecuniário é totalmente neutro. Outros dogmas: whisky, só escocês; charuto, só cubano. Acho que NAVIFITCHAVIL I acertou em cheio vindo pra cá: Pau Doce vai ser a Roma e a Meca da “Arre, Ligião!”. Tô nessa, Navi!

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