sábado, 21 de agosto de 2010

19 Surfisticando

O paraíso do surf. Minhas mais profundas e escabrosas fantasias sexuais sempre tiveram relação com o surf. Mas, nunca me havia imaginado morando no olho do furacão, dele, o surf, (nem em outro olho qualquer). E Pau Doce é o que se pode chamar de Meca do surf, o centro, o âmago, o fulcro, a capital, a alma, a medula, a essência, o imo, o coração, ou seja, em se tratando de prancha, Pau Doce não amolece. Causa riso a qualquer “expert” na matéria ouvir falar em Waimea, Puerto Escondido, Pipeline, Teahupoo, Tavarua, Pandang, Itaúna e Mar Morto. Com a compreensível exclusão do falecido, que já não faz nem marola, as 7 citadas praias (e outras tantas que queiram se meter a besta) são humilhadas e reduzidas ao ridículo por Pau Doce. Aqui, e só aqui, se surfa o surf com SÛ maiúsculo, RÊ médio e FÊ minado. Revistas especializadas como a famosa “Surfo(n)da-se” ou a alternativa “Çurfe Periférico” são unânimes em discordar juntas num contraditório uníssono que o surf é doce em Pau Idem e que se o surf é salgado, o Pau é Doce. “E por que – estará se perguntando você, caretíssimo leitor, que em sua crassa desinformação acha que WCT quer dizer Word Center Trade – esta praia é tudo isso que estou dizendo?” Terá ela ondas de 80, 90 pés? Tubos intermináveis como túnel de metrô? Ventos apropriados soprados pessoalmente por São Surfiel da Parafina, padroeiro das pranchas? Não, Pau Doce não tem nada disso, mas, na verdade, nada disso é importante para ser o centro mundial dos “drops”, dos tubos e dos picos. O fato é que para cá acorrem todos os anos, o ano todo, os “Big Fool Johnnys” do circuito mundial, os Tupis da WCT, (os da WQS nem passam por perto), como Taj Padaratz, Neco Burrow, Kelly Ribas, Victor Slater, Davi Figueiredo, Rodrigo Hofmann, Stephan Resende, Veted Garcia, Mark Lopes, Damien Occhilupo, Barack Ahmadinejad, Luiz Inácio Serra da Silva, Silvio Chirac, José Luis Berlusconi, Elvis MacCartney, Jacques Zapatero, Surfando Henry Quecar do Zoo, Hildebrando Beira-Mar, Fernandinho Pascoal, Zeca Pacotinho e outras verdadeiras âncoras de 200 toneladas de todo o surf da Via Láctea. Como em Pau Doce as ondas têm preguiça de subir a mais de 20 centímetros, os ventos adormecem por meses a fio e a maré é sempre alta, (pelo teor alcoólico dos banhistas), eles vêem aqui:
1º- para aprender a surfar o surf do futuro, que será sem ondas e com a água parada,
2º- porque aproveitam para descansar, ganhando no mole (quer dizer, no Doce),
3º- na verdade, nem eles sabem qual a 3ª razão,
4º- para aprofundar, às últimas conseqüências, a 2ª razão,
5º- porque, sendo a praia Doce, dá sempre pra dar umas lambidas,
6º- porque são contra a pesca e o peixecídio, já que os aquáticos moradores são surfistas submarinos,
7º- porque a prancha, a ferramenta de trabalho, também é um pau doce,
8º- porque em rio que tem piranha, jacaré (surfista de “neoprene” definitivo) nada de costas,
9º- porque Pau Doce é um mar de rosas e
10º- porque as nove anteriores já são razões pacas.
E o surfeminino? Esse, mais do que os surfeminados, desfila toda sua glória em nosso amantíssimo Pau. Em cada 10 surfistas da moda, 11 preferem Pau Doce, (sempre há alguma penetra – sem duplo sentido). Vêm todas elas para cá, glamourosas, dropar, ensaiando “trips” nos picos (picos!), entocando-se de “grab rail” nos canudos, mesmo em fortes “swell” do oeste, encaixando com perfeição na bancada, sem sair cuspindo pela baforada (que não é elegante pras gatíssimas), mas dando “drops” no crítico e altos tubos de “back side” (só de “back”?) profundos. Tudo isso sem estragar o “pancake” e molhar o cabelo. A maioria surfa no imponente instituto de beleza “Maquiando Pau Doce” com magníficos relaxamentos, escovas monumentais e mirabolantes megahairs. À noite, desfilam suas exuberantes e semi despidas “bodyboards” pela palpitante vida noturna local, levando seus mal-cobertos glúteos para passear e seus enormes gêmeos siliconados para conhecer a rapaziada, cujos membros as apreciam com a apatia e o desinteresse próprio da geração saúde com fumaça e, entre bocejos sonoros, se entreolham, descrevendo magistral e meticulosamente o que vêem, grunhindo um onipresente e monocórdico: “Demorô broder!” Mas, é exatamente aqui que se aguçam minhas pornofantasias surfísticas. Mas, claro, isso é um assunto muito pessoal...

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