quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

45 Há tletas em Pau Doce (mandando ver)

Quando fiz meu curso de “Arte Antiartística e Desarticulada” na Escola de Bolas Artes de São Paulo, um curso de extensão universitária tipo “espera-marido” (que não era meu caso – nem meu caso, nem meu marido), sem atribuição de nota ou registro de freqüência, mas, mesmo assim, um belo curso, com belíssimas professoras e re-belíssimas alunas, como, aliás, não poderia ser diferente na Bolas Artes, como ia dizendo, quando fiz esse curso aprendi muitas e utilíssimas coisas. Coisas. O que são coisas? Pode parecer ao desinformadíssimo leitor que coisas sejam apenas objetos indefinidos, não cabendo, de forma alguma, em minha frase anterior. Engano, equívoco, estultice. A palavra “coisas” envolve um universo de sentidos, mesmo que alguns não tenham qualquer sentido. São idéias, propostas, conhecimentos, posturas, sentidos, informações, cognições, dicas, toques, abstrações. Entre esse enorme cabedal, aprendi, naquela quarta-feira à tarde, algo que nunca mais esquecerei. Naqueles quinze minutos em que estive presente no curso, conheci a Grécia. A Grécia com seus filósofos, sua arquitetura, seus escravos e, sobretudo, a Olimpíada. (O curso era muito concentrado). Desde aquele momento, fiquei vidrado na Olimpíada. Por isso, aqui em Pau Doce, eu e outros olimpiólatras resolvemos promover algo parecido. Por motivos óbvios, não poderia ser a própria e nem mesmo seu desdobramento politicamente correto, a Para-Olimpíada, disputadas por deficientes físicos. Assim, depois de muito neuronizar, optamos por sediar algo totalmente novo, mas inspirado na matriz grega. A proposta aprovada foi a de que realizaríamos a Trans-Olimpíada. E o que é uma Trans-Olimpíada? Estará indagando-se o atabalhoadíssimo leitor. Trans-Olimpíada é uma multi-disputa, nos moldes das duas irmãs mais velhas. Mas, então, em que ela difere das outras? Insistirá o tão insaciável quanto ignaro leitor. É o seguinte (vou escrever devagar e detalhadamente para que o seu apequenado cérebro possa processar as informações): é um conjunto múltiplo e variado de torneios, campeonatos, competições e embates de diversas, diferentes e distintas modalidades esportivas, culturais e que tais, nos quais os melhores colocados recebem medalhas metalizadas de bronze (3º lugar), de prata (2º) e de ouro (1º). E a diferença, pelo amor de Deus? Estará se desesperando o desesperado e afoito leitor. A grande marca diferenciadora da OlimPau é que seus atletas são todos dependentes profissionais. Recordistas nas mais diversas modalidades de dependência: alcoólica, narcótica, sexual, alimentar e tantas outras. Há, porém, muitas outras diferenças. Enquanto as esportivas ocorrem a cada quatro anos, sempre em grandes capitais, escolhidas com mais de uma década de antecedência, para que possam ser preparadas adequadamente, a Trans-Olimpíada acontece todos os anos e sempre aqui em Pau Doce. Enquanto aquelas são organizadas pelo COI (Comitê Olímpico Internacional), a nossa fica nas mãos do COTODEPAU (COmitê Trans-Olímpico DE PAU Doce). Nas duas enfadonhas olimpiconas, os atletas passam por rigorosos exames anti-doping. Já na OlimPau há exames, igualmente rigorosos, mas pró-doping, pois em nossas competições não são admitidos participantes caretas que atuem de cara limpa. Isso seria uma completa desmoralização da idiossincrasia paudocense. As competições, com repercussão mundial, dada a intensa cobertura da mídia internacional, duram, aproximadamente, três meses, mas, dependendo de algumas modalidades mais elásticas, podem ultrapassar todo um semestre. E quais são as modalidades? Estará se perguntando o comichânico leitor. Modalidades há muitas, muitíssimas. Elas estão divididas por tipo de dependência. Iniciando pelo alcooleiro: 1- Salto de altura etílica, que é vencido pelo competidor que possuir maior teor alcoólico no sangue (somente os que terminam vivos o embate podem ganhar medalhas). 2- Lançamento de garrafas vazias a distância (depois de esvaziadas de uma só vez). 3- Corrida de revesamento com Velhas Barreiras e sem as ditas Barreiras (só com pinga de garrafão). 4- Nado: 100 metros livres dentro do alambique, também conhecido como “nadando e bebendo”. 5- Tiro ao álcool (iniciando com Tiro a Rolha, porque sem tirá-la não há tiro que dê jeito). Já no setor sexual: 1- Salto tríplice na corda bamba sem sair de cima. 2- Maratona das marafonas. 3- Torneio de tamanho de tênis, com os competidores nus, mas, obrigatoriamente, calçados com pênis. 4- Campeonato de pênis de mesa e com as sub-modalidades: pênis de cama, pênis de poltrona e, a mais recente, pênis de bidê. 5- Salto na vara (em cima dela, de preferência). No setor de dependência química: 1- Torneio de aspiração de gases tóxicos e inalação de psico-efluentes. 2- Campeonato de alpinismo no plano: “Esse pico é meu!”. 3- Aspiração de carreiras ornamentais. 4- Queimação de bombas medley (4 tipos de pegas). 5- Ecstasy pra que te quero (arremeço de comprimidos G.A. –goela abaixo). Finalmente, na área da DP alimentar: 1- Nado de costas na sopa de cebola. 2- Saltos ornamentais com guarnições de farofa e batata frita. 3- Levantamento de pesos assados, por quilo. 4- Correndo, cozendo e comendo. 5- Saltos tríplices em aparelhos de fondue. Outras modalidades estão sendo estupradas (estudadas e compradas) para completar o conjunto total absoluto geral da TransO. Como já é de praxe na cultura paudocense, o COTODEPAU está, ainda, na fase preliminar da preparação preambular do planejamento prévio do esboço do boneco do rascunho do que poderá (ou não) vir a ser a proposta da idéia possível da pré-concepção prospectiva e futurível da Trans-Olimpíada de Pau Doce. Sentiu firmeza?

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